Com o objetivo de difundir o cultivo e o conhecimento sobre cactos e suculentas, criamos este espaço, que esperamos ser de interesse de todos os amantes destas plantas.
Esperamos receber criticas sobre os temas aqui desenvolvidos e a colaboração de outros interessados, visando o aprimoramento desse conhecimento.
Objetivamos também a troca de informações sobre o modo de ocorrência dessas plantas, visando preservar as espécies e seus habitats naturais.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Curiosidades sobre cactos


     A igreja de San Pedro de Atacama, no Chile, devido à dificuldade de se conseguir madeira em pleno deserto, tem seu forro no teto construído por placas alveolares, provenientes de troncos serrados, de um cacto existente na região (“cardon”). Estas placas são leves, bastante resistentes e duráveis, nas condições de uso em que foram empregadas.



     O cacto colunar denominado de “saguaro” (Carnegiea gigantea), encontrado nas regiões áridas do sudoeste dos Estados Unidos e norte do México é a maior espécie de cactácea existente. Os exemplares adultos, com ramificações na forma de candelabro, podem alcançar mais de 15 metros de altura e seus espessos troncos muitas vezes servem de abrigo a animais silvestres. Esta espécie tem crescimento muito lento, demandando cerca de 30 a 35 anos para alcançar um metro e mais de 150 anos para atingir a altura máxima. Floresce após a idade de 40 anos, não sendo, portanto, uma planta adequada para cultivo em estufa. Calcula-se que um saguaro adulto pode acumular milhares de litros de água em seus talos, capacidade esta que era utilizada pelos nativos em suas necessidades hídricas de emergência.



     Até quase o final do século XIX, a cor carmim dos cosméticos femininos era obtida a partir de uma determinada cochonilha, que parasita, entre outras plantas, uma espécie de cacto mexicano. Trata-se da Opuntia cochenillifera, que passou a ser cultivada em quase todo o mundo, principalmente na Guatemala e ilhas Canárias, além do México, com o objetivo comercial de obtenção deste corante natural, usado também como aditivo alimentar e no tingimento de tecidos. Durante o período colonial, o corante cochonilha constituía o segundo produto de exportação do México, em valor, só superado pela prata.



     O menor cacto conhecido não tem mais do que 12 milímetros de diâmetro máximo. A Blossfeldia liliputana é encontrada em pequenas cavidades de rocha ou depressões do solo, na vertente leste dos Andes, entre a Argentina e a Bolívia, a 1.200 a 3.500 metros de altitude. Apresenta forma globular, algo achatada, de cor verde olivácea, que a camufla entre musgos de mesma cor, tornando-se quase invisível, o que a tem preservado em seu hábitat natural, a despeito da grande procura.



      As maiores flores de cactos são encontradas nas espécies dos gêneros Selenicereus e Hylocereus. Estes cactos epífitos são originários das matas tropicais, encontrados desde o sul do México até o norte da América do Sul. Suas flores costumam ser brancas e perfumadas, chamadas popularmente de “damas da noite”, que abrem ao anoitecer e permanecem abertas somente uma noite. As flores destes cactos atingem mais de 30 centímetros de diâmetro, sendo que as da espécie Selenicereus macdonaldiae constituem a maior flor entre todas as cactáceas, alcançando 35 centímetros. As espécies Hylocereus undatus (pitaya vermelha ou fruta dragão – frutos de até 12 cm) e Selenicereus megalanthus (pitaya amarela) são produtoras de frutos, que atingem elevados preços nos mercados nacional e internacional, sendo cultivadas principalmente em países do Mediterrâneo e do sudeste asiático. A pitaya vermelha, provinda da Grécia, costuma ser encontrada em algumas bancas de frutas em Porto Alegre, sendo oferecida ao preço de R$ 10,00 a 15,00 por unidade. Em geral, estas espécies se desenvolvem bem no sul do Brasil, sendo que a Hylocereus undatus é encontrada em muitos lugares do Rio Grande do Sul; não obstante, seus frutos vermelhos não costumam chamar a atenção das pessoas, por completa ignorância de seu valor alimentício e de seus preços elevados.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Coleta de cactos


    A coleta de cactos na natureza vem sendo praticada com objetivos diversos. A pior destas práticas se refere à coleta de espécies de cactos visando o comércio ilegal. Felizmente, essa atividade não costuma ser muito praticada, devido ao pouco conhecimento da população brasileira em geral sobre o cultivo de cactos, havendo, portanto, pouca procura por estas plantas.
      A maior parte da coleta de cactos no Brasil é realizada por alguns poucos colecionadores nacionais e por aficionados e estudiosos de outros países. Atualmente os estrangeiros, principalmente europeus, constituem os principais coletores e pesquisadores destas plantas no Brasil. Alguns deles chegaram a dizer, como justificativa para esta prática, que assim o faziam com o objetivo de preservar algumas espécies ou variedades, através de cultivo em estufa em seus paises de origem, antes que as mesmas desaparecessem do habitat natural. Essa justificativa é no mínimo contraditória, para não dizer, também, que é ofensiva aos pesquisadores nacionais e órgãos de preservação ecológica.
      Na realidade, é muito pequena a participação de estudiosos e pesquisadores das universidades nacionais no estudo da flora cactácea. Quase todo o conhecimento que se tem das plantas brasileiras é fruto do estudo de pesquisadores estrangeiros, principalmente no que se refere à identificação e, inclusive, dos locais de incidência. Por outro lado, não existe nenhum livro editado no Brasil, de autor nacional, sendo raras também as traduções em português. Quase sempre, o conhecimento sobre as cactáceas brasileiras deve ser buscado em livros, revistas e sites de estudiosos de outros países.
      Portanto, a ação dos coletores nacionais e estrangeiros, com o objetivo de estudo e divulgação do conhecimento das cactáceas brasileiras, quando realizada com critério, constitui mais uma prática salutar e necessária do que nociva. Até mesmo a coleta visando à obtenção de matrizes ou sementes é justificável, quando se pretende a multiplicação e preservação dessas plantas. Por outro lado, não se pode pensar em preservar aquilo que não se conhece. Seria aconselhável que as entidades nacionais, responsáveis pela preservação das espécies, registrassem os colecionadores, estudiosos e produtores de cactos, tanto brasileiros como estrangeiros, concedendo-lhes ou não licenças especiais de acesso aos locais de incidência destas plantas, segundo seus critérios.
      Fora destes objetivos, a coleta de cactos na natureza não se justifica, devendo ser coibida com rigorosa fiscalização.
      A coleta de cactáceas em seus habitats naturais atualmente é, no mínimo, contraproducente, pelas seguintes razões:
      1ª - Constitui crime ambiental, sujeito às penalidades das leis brasileiras;
      2ª - É anti-econômica, cansativa e perigosa, podendo-se adquirir plantas e sementes de qualquer lugar do mundo por preços módicos;
      3ª – As plantas adultas coletadas na natureza são difíceis de cultivar, vindo muitas a morrer;
      4ª – Os cactos são facilmente reproduzidos por sementes ou por estaquia;
      5ª – As plantas adquiridas de produtores qualificados são mais saudáveis, de melhor qualidade e visual, além de serem mais fácil de cultivar, por estarem acostumadas ao ambiente de estufa.

Preservação das cactáceas

Echinopsis oxygona em escarpa de difícil acesso
       

      Os ecologistas são categóricos quando afirmam que nenhuma planta deve ser retirada do hábitat natural em que vivem. Isto seria possível se a raça humana não tivesse se espalhado por todos os recantos da terra. A população mundial, embora possa ficar estabilizada entre sete a dez bilhões de habitantes, continuará demandando alimentos e matérias primas para satisfazer seu consumo atual e o crescente aumento em função do progresso material.

         Em face desta situação é quase impossível evitar as principais causas responsáveis pela devastação dos habitats naturais. Destacam-se entre outras, a agricultura e pecuária extensivas, desmatamento, urbanização, mineração e construção de barragens e de obras de infra-estrutura. Em todo o mundo procura-se, através do estabelecimento de reservas ecológicas e de leis ambientais, minimizar este problema, visando à preservação de alguns habitats e de espécies ameaçadas de extinção.
Parodia crassigibba danificada por ação animal
      As cactáceas, como as demais representantes da flora, também estão sujeitas a estas causas da descaracterização de seus habitats e até mesmo ao perigo de desaparecimento de algumas de suas espécies na natureza.
        As espécies de cactos que habitam as florestas, principalmente as úmidas e semi-úmidas, estão sujeitas à ação dos desmatamentos.
      As cactáceas que se desenvolvem em regiões áridas e semi-áridas, de habitat terrestre ou rupícola, ou em savanas como no caso do Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, estão mais ameaçadas pela implantação de cultivos e pela ação do pastoreio extensivo.
      O avanço da agricultura tem reduzido em muito as áreas de incidência de cactáceas. Esta ação só não tem provocado maiores danos porque muitas espécies se estabelecem em locais não adequados à implantação de cultivos, como por exemplo, extensos afloramentos rochosos e locais de difícil acesso, como topo de morros e escarpas de declive acentuado. Já no pastoreio extensivo até mesmo alguns destes locais são alcançados pelos animais, que pisoteiam os cactos de formas globulares e até mesmo os comem. O famoso escultor e cactófilo “Xico” Stockinger costumava ensinar que no Rio Grande do Sul e Uruguai as “tuninhas” deveriam ser procuradas debaixo das cercas ou em locais onde as ovelhas não podem alcançar.
Parodia ottonis danificado pela ação das queimadas 
      O fogo vem associado à ocupação humana, tanto na expansão das áreas urbanizadas como no desenvolvimento da agricultura e pastoreio. O incêndio nos campos ainda constitui uma prática danosa comum no sul do Brasil, embora ultimamente venha sendo coibido pela ação dos órgãos de preservação ambiental.
      No Nordeste do Brasil, em época de escassez de pastagens naturais, alguns fazendeiros têm por hábito queimar os espinhos dos “mandacarus”, “xique-xiques”, ”tunas” e de outras espécies de cactáceas com o objetivo de alimentar o gado. Essa prática poderia ser evitada pelo maior cultivo de palma forrageira (Opuntia fícus-indica) tal como já vem sendo praticada por muitos fazendeiros da região.


Colonia de Parodia ottonis parcialmente danificada pela ação do fogo

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Fotos tomadas nos morros que rodeiam a cidade de Porto Alegre, onde se pode perceber exemplares de cactos globulares (Parodia ottonis), com os espinhos e costelas queimados pelo fogo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Classificação das cactáceas



    A classificação binomial dos seres vivos começou por volta da primeira metade do século dezoito. Os trabalhos pioneiros de Carl von Linné (Carolus Linnaeus – l707 – 1778) lançaram as bases da moderna Botânica Sistemática. Em sua obra Species Plantarum (1753) designou cada planta por um nome específico, o que constituiu a primeira fonte da nomenclatura das plantas superiores. Em seus estudos deu especial atenção à estrutura das flores, atribuindo grande valor na classificação das plantas.
      A classificação binomial consiste em dar dois nomes, latinos ou latinizados, que classifica cada planta. O primeiro nome se refere ao gênero e o segundo a espécie. Estes nomes costumam se referir às particularidades estruturais que apresentam certo grupo de plantas, como por exemplo, Mammillaria, que se refere às protuberâncias na forma de mamilo, existente no caule das espécies deste gênero. Utiliza-se também com freqüência o nome do local em que a planta foi descoberta ou o nome de alguma pessoa de renome, a qual se quis homenagear. O segundo nome é dado à espécie, que constitui junto ao primeiro a identificação mínima necessária para a classificação de cada ser vivo.
      Mesmo utilizando-se esta regra básica da nomenclatura binomial ocorre muitas vezes de uma mesma planta ser descrita com mais de um nome, dados por pesquisadores distintos. Por conta desse problema, foi instituída a regra da prioridade, que consiste em considerar como válido o nome mais antigo. Em função desta regra tornou-se necessário identificar o pesquisador e a data em que determinado nome foi empregado na descrição de um novo gênero ou espécie; por exemplo, Mammillaria haworth 1912. Neste caso, Haworth é o nome do investigador, que em 1912 utilizou o nome genérico Mammillaria, para designar um grupo de cactáceas, com características similares. No caso do nome empregado para designar a espécie, adota-se o mesmo procedimento, por exemplo, Mammillaria bocasana Poselg 1853, indica que o termo bocasana foi primeiro empregado por Poselger, em 1853.
      Na grafia dos nomes designativos dos gêneros e espécies, em trabalhos de cunho científico, costuma-se empregar a letra em itálico, o que não é o caso nestes relatos. A primeira letra do nome genérico deve ser em maiúscula e no nome da espécie em minúscula. Também, os nomes dos pesquisadores costumam ser abreviados. Na prática, em trabalhos não científicos, emprega-se somente o nome genérico e o específico, como no exemplo Mammillaria bocasana.
      O gênero pode ser subdividido em subgênero e em secção, sendo que a subdivisão em subgênero é pouco usual e a secção inclui espécies que têm algumas características distintivas dentro do mesmo gênero. Seria o caso de reunir em uma mesma secção as espécies do gênero Parodia (=Notocactus), antigamente incluídas em “Eriocactus”, que mostram afinidades entre si.
      A espécie pode também ser subdividida em subespécie, variedade, forma e cultivar ou clone. O termo cultivar deve ser empregado somente para uma planta única, quanto a sua carga genética; isto significa que uma vez reproduzida por semente, seus descendentes não serão mais idênticos e somente poderá manter sua individualidade por reprodução assexuada.
      As categorias superiores ao gênero, pela ordem ascendente, são: Subtribo, Tribo, Família, Ordem e Classe.
      A família das cactáceas está subdividida em três tribos, conforme a ordem de evolução filogenética: Pereskieae, Opuntieae e Cereeae. Esta última, com maior número de gêneros e espécies, está subdividida em oito subtribos:

Subtribo Cereanae – gêneros Cereus, Trichocereus, entre outros;

Subtribo Hylocereanae – gêneros Selenicereus, Hylocereus, entre outros;

Subtribo Echinocereanae – gêneros Echinocereus, Rebutia, entre outros;

Subtribo Echinocactanae - gêneros Astrophytum, Parodia, entre outros;

Subtribo Cactanae – gênero Melocactus;

Subtribo Coryphantanae – gêneros Coryphantha, Mammillaria, entre outros;

Subtribo Epíphyllanae – Epiphyllum, Zygocactus, entre outros;

Subtribo Rhipsalidanae – Rhipsalis, Hatiora, entre outros.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Reprodução por sementes. Semeadura


Diferentes espécies de cactos, em vaso coletivo; as plântulas com cotilédones são de espécies do gênero Opuntia.

   Todos os cactos produzem flores, frutos e sementes, embora algumas espécies demorem até dezenas de anos para virem a florir pela primeira vez; também nem todas as espécies produzem frutos comestíveis.
   As sementes são responsáveis pela reprodução sexuada das cactáceas. Na natureza a maioria das sementes, após a abertura dos frutos, cai junto ou próximo da planta mãe, vindo a germinar, formando grandes colônias com plantas de diferentes tamanhos. Em outras espécies, no entanto, as sementes são dispersas pelo vento, chuva, pássaros e insetos (formigas), o que facilita sua disseminação por grandes áreas.
   Em cultivo a produção de cactos é relativamente fácil a partir de sementes. Isto porque as sementes das cactáceas costumam germinar com facilidade e na maioria das espécies o desenvolvimento das plântulas costuma ser rápido; algumas espécies, como algumas do gênero Mammillaria, desenvolvem plantas capazes de florir em apenas dois anos após a semeadura.

Plântulas de cactos em vaso de plástico de várias espécies; nota-se a proliferação de líquens entre elas. 

   O primeiro cuidado que se deve ter ao iniciar a semeadura de cactos diz respeito às sementes. Estas, em algumas espécies têm validade de apenas algumas semanas, tornando-se inférteis com o tempo, como por exemplo, as do gênero Frailea. Cuidado especial deve ser dado às sementes provenientes de frutos carnosos. A polpa do fruto (mucilagem adocicada) deve ser retirada através de lavagem e após secagem, sob o risco de facilitar a proliferação de fungos no frasco de cultura.



Pote de plástico transparente com tampa para evitar a evaporação da umidade


   Quanto ao substrato, pode ser o mesmo utilizado no cultivo de plantas adultas, apenas de granulação mais fina, que se obtém retirando por peneiramento os fragmentos maiores. É aconselhável colocar uma pequena quantidade de fungicida no substrato e/ou esterilizá-lo para evitar o nascimento também de liquens e de outras espécies de plantas.
   Outro ponto importante diz respeito aos recipientes onde deverá ser feita a semeadura. Comumente se utilizam potes de plástico transparente, com tampa, também transparente, que impeça a evaporação. Não se dispondo de potes com tampas apropriadas, pode-se cobri-los com um pedaço de plástico transparente, fixado na borda por um elástico. Os potes devem ter vários furos de pequeno diâmetro no fundo, para escoar o excesso de água.


Pote de plástico transparente com tampa para evitar a evaporação da umidade

   Os potes após furados, são preenchidos com o substrato, antes preparado, até cerca de 2/3 de sua altura. Então são espalhadas as sementes na quantidade estimada de 3 a 5 por centímetro quadrado, não precisando cobri-las.
   Após a semeadura deve-se colocar o pote dentro de uma bacia com um pouco de água, para que esta encharque o substrato por capilaridade até o topo do substrato. Esta água utilizada pode conter uma pequena quantidade de adubo foliar. Depois de assim molhado o substrato, retira-se o pote da bacia e deixa-se escorrer o excesso de água. Depois de tampado, coloca-se o pote em um lugar da estufa que não pegue sol direto, ou até mesmo atrás de uma janela que disponha de boa luminosidade.

Plântulas de Opuntia ficus-indica e de Hylocereus undatus, com poucas semanas de idade.  

  Nestas condições de mini-estufa, quase sauna, as sementes costumam germinar em poucos dias, aparecendo os primeiros pontinhos verdes (geralmente bolinhas), que com o passar dos dias vão adquirindo o formato peculiar de sua espécie. Nas sementes germinadas de espécies do gênero Opuntia e de alguns outros gêneros, aparecem primeiro dois cotilédones; depois de alguns dias começa a se formar o caule definitivo, entre os dois cotilédones.
   A semeadura realizada através deste procedimento pode variar, conforme a experiência do cultivador. O importante é que proporcione condições de fácil germinação às sementes e ao mesmo tempo proteja as plântulas recém nascidas. Neste processo praticamente não será necessário molhar o substrato, devendo-se umedecê-lo, desta vez por pulverização, somente quando notar-se a ausência de condensação da água na parte inferior da tampa ou nas laterais do pote.


Plântulas de cactos em vaso de plástico de várias espécies; nota-se a proliferação de líquens entre elas.
 
   Dependendo da espécie, as plantas novas já terão condições de serem transplantadas a partir de poucos meses depois de germinadas; as plântulas de algumas outras espécies poderão demorar até mais de um ano. Geralmente com cerca de um centímetro de diâmetro ou em torno de uma polegada de comprimento, dependendo do tipo de caule, realiza-se o repique, que consiste em transplantar as pequenas plantas para vasos coletivos ou bandejas. E, quando a plantas adquirem um tamanho maior e adequado, faz-se novo transplante, desta vez para vaso individual.


Glossário



Acúleo – Protuberância pontiaguda desenvolvida na epiderme de vários órgãos das plantas, que se destaca facilmente. Diferem dos verdadeiros espinhos (como nos cactos), por não apresentarem vascularização.

Adventícia (raiz) – Raiz aérea que sai do caule ou de suas ramificações de uma determinada planta e que serve para se fixar a uma outra planta ou rocha.

Áfilo – Que não possui folhas, como a maioria das cactáceas. Algumas espécies têm o caule achatado, facilitando a fotossíntese. Ex: gênero Epiphyllum.

Albiflora – Diz-se de espécies que produzem flores predominantemente brancas.

Androceu – Parte masculina da flor na reprodução sexuada; cada unidade constitui um estame, que se divide em filete e antera.

Antera – Porção apical dos estames, onde os grãos de pólen são gerados.

Aréola – Estrutura saliente na região nodal dos cactos, onde deveria sair ramos e folhas; nesta estrutura costumam sair os espinhos (folhas reduzidas), gloquídeos e também flores. A aréola constitui uma característica peculiar das cactáceas.

Axila – Ângulo formado entre o pecíolo foliar e o ramo da planta, onde gemas são produzidas. Ex: gênero Pereskia.

Bixessuada ou hermafrodita – Diz-se da flor que contém estruturas sexuais femininas e masculinas, como nos cactos.

Cacto – Planta afila (ou com folhas reduzidas), com caules suculentos e fotossintéticos, portando aréolas comumente com espinhos e outros filamentos.

Cálice – Parte basal da estrutura da flor, de onde saem as sépalas; usualmente envolve o botão floral em desenvolvimento. Não é bem representativo nas cactáceas.



Cefálio – Estrutura apical de algumas cactáceas, que apresenta densa pilosidade, de onde costumam sair flores. Ex: gênero Melocactus

Cladódio - Caule capaz de realizar a fotossíntese, de plantas afilas, em clima mais árido. Contém mucilagens, que retém água. É comum nas cactáceas e euforbiáceas. Ex: gênero Cereus.

Cleistogâmica (fecundação) - A fecundação cleistogâmica ou auto-fecundação processa-se sem a abertura da flor, ou sem o concurso de agente polinizador.

Colunar – Caule que se apresenta cilíndrico e massivo como uma coluna. Ex: gênero Pilosocereus

Corola – Estrutura externa da flor, constituindo um atrativo para os polinizadores; é composta pelas pétalas. Estas, nas cactáceas, se apresentam geralmente em grande número, de até algumas poucas dezenas.

Cotilédone – Primeira ou primeiras duas ou mais folhas de um embrião, constituindo reservas de nutrientes para manutenção da pequena planta, em seu início de desenvolvimento; com o crescimento da planta os cotilédones murcham e caem. Diz-se que uma planta pertence ao grupo das dicotiledôneas quando apresenta dois cotilédones, como no caso das cactáceas, embora nesta família estes apêndices só apareçam na germinação de sementes de alguns gêneros. Exs Opuntia e Hylocereus.

Deiscente - Frutos que se abrem expontaneamente na maturação, como no caso de algumas espécies de cactos. Ex: Cereus hildmannianus. O contrário se denomina de indeiscente.

Endêmico/endemismo – Diz-se de uma planta de ocorrência restrita à determinada área ou região.

Epífita ou epifítica – Planta que cresce sobre outra, apenas como suporte, não parasitando a hospedeira. Alguns cactos são epífitos. Exs: Epiphyllum, Hatiora, Rhipsalis.

Espinho – Estrutura pontiaguda de origem foliar, fortemente endurecida, reduzindo a evapotranspiração, quase sempre presente nas cactáceas e em muitas euforbiáceas.

Estame – vide androceu

Estigma – Parte da estrutura feminina da flor, onde são depositados os grãos de pólen durante a fecundação.

Estilete – Filamento canicular que une o estigma ao ovário, da estrutura feminina da flor.

Estolão ou estolho – Rebento emitido geralmente abaixo da superfície, que após emitir raízes gera uma nova planta, ao desligar-se da planta mãe; é comum nas espécies do gênero Parodia (Notocactus), principalmente na Parodia ottonis.

Filete – vide androceu

Flor – Órgão de reprodução sexuada das plantas, cujos componentes constituem o principal critério para a classificação das espécies de cactos. Apresenta usualmente cálice, corola, androceu e gineceu, ainda que um destes verticilos possa faltar, ou estar modificado.

Fruto – O fruto forma-se pelo desenvolvimento do ovário após a fecundação da flor. Nas cactáceas varia de tamanho desde alguns milímetros até maiores de dez centímetros, apresentando comumente cores desde verde-amareladas até vermelhas. Quase todos são comestíveis.

Gineceu – Órgão da flor que desempenha o papel feminino na reprodução sexuada. Cada unidade do gineceu é denominada de carpelo, cujas peças podem estar livres ou fundidas, formando o pistilo.

Gloquídeo – Tipo especial de espinho (tricoma barbado) frequentemente encontrado em algumas espécies de cactos, geralmente do gênero Opuntia, onde o ápice de cada barba apresenta ganchos (fisgas); ocorre inclusive nos frutos. Deve-se ter cuidado em manusear essas plantas, pois esses espinhos penetram facilmente na pele e não costumam sair.

Hábitat – Do ponto de vista ecológico, representa as características do local e o modo de ocorrência de determinado ser vivo na natureza.

Ovário – Peça basal do pistilo, usualmente dilatada, na qual se desenvolvem os óvulos. Após a polinização transforma-se em fruto, que contém as sementes.

Pecíolo – Estrutura que faz a ligação da parte laminar da folha com o caule ou ramo.

Pétala – Peça floral que compõe a corola. Nos cactos as pétalas aparecem em grande número, geralmente têm cores vistosas e brilhantes, constituindo um apelo atrativo para os polinizadores.

Pistilo – Estrutura formada pela ligadura dos carpelos, representando o gineceu, composto de ovário, estilete e estigma.

Pivotante (raiz) – Raiz pivotante ou axial caracteriza-se por apresentar um eixo principal mais desenvolvido, de onde saem ramificações.

Pólen – Gameta masculino das plantas com sementes; geralmente apresenta-se na forma de pó fino.

Rupícola – Que desenvolve-se sobre rocha nua ou sobre bolsões de detritos acumulados.

Sépala – Peça do cálice floral.

Terrestre – Modo de desenvolvimento de vegetais em solo.

Tuberosa (raiz) – Raiz espessada rica em água e nutrientes.

Vermiculita – Mineral micáceo, que quando aquecido ao fogo aumenta muitas vezes de volume, tornando-se poroso e capaz de reter água em sua estrutura.

Xerofítica – Diz-se da planta ou vegetação, geralmente com espinhos, que habita regiões áridas, caso das cactáceas e euforbiáceas.



sexta-feira, 4 de maio de 2012

Habitats naturais






         A maioria das cactáceas desenvolve-se em habitat rupícola e/ou terrestre. Considera-se como rupícola uma planta que vegeta sobre substrato rochoso, no entanto, mesmo sobre as rochas costuma acumularem-se detritos arenosos e húmus, onde se desenvolve liquens e outros vegetais inferiores. É neste ”substrato” que vicejam as cactáceas ditas rupícolas e quase nunca diretamente sobre a rocha nua. Portanto, o limite entre habitat rupícola e terrestre não é bem definido.

        No habitat essencialmente terrestre o solo costuma ser mais desenvolvido, onde as raízes dos cactos se ramificam e espalham-se superficialmente. Praticamente todas as cactáceas encontradas sobre afloramentos rochosos desenvolvem-se também em solo, principalmente de constituição arenosa.

       Denomina-se de habitat epifítico quando as raízes da planta se fixam sobre a casca dos troncos e galhos das árvores. No entanto, a árvore hospedeira serve apenas como suporte, não sendo parasitada.

       Diz-se que a planta é trepadora quando emite raízes adventícias do talo e de suas ramificações, que aderem ao tronco das árvores, como também sobre a superfície das rochas.

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Distribuição geográfica


   


       A família das cactáceas é exclusiva das Américas, ocorrendo desde o Canadá, ao norte, até a região da Patagônia, no sul do continente, incidindo inclusive em algumas ilhas do Caribe. No entanto, a maior distribuição de gêneros e espécies de cactos dá-se no México. O sudoeste dos Estados Unidos, a borda oeste da Bolívia, Peru e Chile, o norte da Argentina, todo o Uruguai, o sul e o nordeste do Brasil, constituem outras regiões com ocorrência significativa destas plantas. Nestas regiões, encontram-se cactáceas desde o nível do mar, até altitudes em torno de 4.000 metros, com variação de temperaturas desde abaixo de zero grau até acima dos 40° C.

      Afora estas regiões citadas, ocorrem também diversos gêneros e espécies de cactos nas matas tropicais e semi-tropicais do continente americano, de hábito epifítico.

     Ocorre somente uma espécie de cactácea fora das Américas, a Rhipsalis baccifera, encontrada também na Nova Guiné, no Ceilão, em Madagascar e outros pontos da África tropical. Acredita-se que esta espécie epifítica, de fácil disseminação, possa ter sido levada nos navios, a partir do início das grandes navegações marítimas, no final do século 15. Além desta espécie, várias outras foram introduzidas pelo homem ao redor do mundo, principalmente na região do Mediterrâneo, na Austrália e no Sudeste da Ásia.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Rhipsalis baccifera, fartamente encontrada em árvores sub-centenárias nas ruas e praças de Porto Alegre